terça-feira, 17 de janeiro de 2012

COMO ESCREVER UMA CRÔNICA


A nova professora de Tavinho pediu que toda turma escrevesse uma crônica, com tema livre, e entregasse na próxima aula. Tavinho não gostou nem um pouco da ideia, porque o dia para entregar a tal crônica era na segunda-feira, e ele teria que passar o fim de semana fazendo algo que ele detesta: escrevendo.

Como ele tinha sido reprovado ano passado, não podia deixar de escrever essa crônica de jeito nenhum, e o jeito era tentar escrever o mais rápido possível, para poder aproveitar um pouco do fim de semana, e não ter que contar aos seus amigos que não ia ao shopping porque tinha dever de casa para fazer. Imagina a zoeira que ia ser!

Pegou papel e caneta e começou a escrever ... “Era uma vez em um mundo tão tão distante...” Mas aí ele lembrou do que a professora falou, que Era uma vez a gente só usava para contos de fadas. Lembrou também que Suzana, a sua nova professora, tinha dito que as crônicas tratam de acontecimentos cotidianos, que circulam em meios de comunicação como jornais e revistas.

Tavinho então correu para o computador e começou a ler sobre todas as notícias do dia, com o intuito de encontrar uma boa história e escrever sobre ela. Ia ser fácil demais, ele pensou. Porém, nenhuma das notícias lhe trouxe inspiração, porque ou eram notícias muitas tristes - sobre assassinatos, deslizamentos e miséria; ou eram muito chatas - sobre o Photoshop que usaram naquela atriz gostosa, ou o novo corte de cabelo da Fátima Bernardes.

Começou a desanimar, e ao invés de tentar escrever alguma coisa, amassou a folha em branco e jogou no chão. Imediatamente, sua gatinha Afrodite deu um pulo e tentou pegar a bola de papel. Tavinho passou a observar todos os movimentos de Afrodite, que jogava a bola para lá e para cá, se escondia como se a bola fosse um monstro que estivesse a perseguindo, e depois aparecia do nada e dava um bote em cima da bolinha de papel, jurando que tinha conseguido derrotar seu inimigo.

Sua mãe, que também assistiu toda cena, falou: “Essa Afrodite, quanta imaginação ela tem”. Ao ouvir isso Tavinho deu um pulo, beijou sua mãe em sinal de agradecimento, pegou outra folha e começou a escrever sobre o que os escritores têm em comum com os felinos: muita imaginação.